Fundação Ataulpho de Paiva – Trabalho social preventivo contra tuberculose e outras doenças tem destaque na instituição que completa 115 anos em agosto
No ano em que comemora seus 115 anos, a Fundação Ataulpho de Paiva tem muitas histórias para contar. Entre as mais belas e cativantes estão as suas realizações sociais, no âmbito assistencial, de campo e mobilização social, desde a sua criação em 1900.
Em 1913 começaram os trabalhos sociais com a criação da assistência médico-social aos portadores de tuberculose que não podiam se locomover até o dispensário da instituição. De lá pra cá, muita coisa mudou para melhor: a fundação se manteve atuante e com importante papel na saúde dos brasileiros, disseminando saúde e bem estar à população, pois é fabricante exclusiva da vacina BCG no país.
Entre os projetos sociais, destaca-se o Preventório Rainha Dona Amélia, na Ilha de Paquetá. Inaugurado em 24 de maio de 1927, com o objetivo de isolar os filhos de portadores de tuberculose, crianças que não estavam doentes, mas viviam em más condições de higiene e com desnutrição. Deixou de ser uma unidade de isolamento com a introdução dos antibióticos na terapêutica, mas manteve a essência de seu objetivo: dar assistência a crianças em situação de vulnerabilidade e risco social.
Atualmente, são atendidas 150 crianças, de 2 a 12 anos, em uma área total de 56,9 mil metros quadrados. São desenvolvidas atividades educacionais, religiosas, recreativas, musical e nutricional, além de serviço médico-odontológico, contando com uma equipe multidisciplinar composta por 37 profissionais. A instituição presta serviços de proteção social básica, promovendo a convivência e o fortalecimento de vínculos com os familiares.
Além do atendimento infantil direto, são realizadas visitas domiciliares para conhecimento da realidade em que as crianças se encontram inseridas. A Fundação Ataulpho de Paiva também mantém articulação com outras instituições parceiras, ampliando, assim, o número de crianças atendidas nos hospitais com os quais o Preventório mantém parceria. Graças a essa ampliação, consegue-se realizar exames de alta complexidade, conforme a demanda.
Todas as crianças matriculadas na instituição são avaliadas pelo médico e realizam exame de sangue e parasitológico. O atendimento aos beneficiados é realizado semanalmente e a instituição fornece os medicamentos necessários. Exames complementares e casos mais específicos são encaminhados para a Policlínica Geral do Rio de Janeiro e casos emergenciais para o hospital local.
Ações em campo
No início da década de 90, um novo surto mundial da doença se deu devido ao grande número de casos de Aids, e o município de Duque de Caxias foi o que teve o maior índice de infectados no Estado do Rio. Por isso, a fundação desenvolve um projeto com o objetivo de eliminar a tuberculose na região, através de diagnóstico, controle e tratamento nos bairros Parque Fluminense, Parque Comercial, Pantanal e Vila Rosário.
O programa da fundação consiste na busca ativa de casos e redução do abandono do tratamento. Quinze agentes de saúde e funcionários da FAP atuam na área, visitando domicílios, traçando o perfil social e de saúde dos habitantes, dando aconselhamento, acompanhando o tratamento e a evolução das ocorrências de tuberculose e de outras doenças – como Aids e hanseníase.
Nas visitas domiciliares, os agentes enfatizam as medidas para estimular a adesão do doente e do núcleo familiar ao tratamento da tuberculose, além de supervisionar a tomada de medicamentos e orientar no encaminhamento dos casos para a unidade de saúde da Secretaria de Saúde do município, entre outros aspectos que envolvem a saúde da família.
Através de levantamento da infraestrutura e visita casa a casa, o projeto contabilizou uma população de 55.631 habitantes, com uma parcela significativa em condições de miséria, habitação desumana e problemas sociais decorrentes da prevalência dos infectados por HIV, ocorrência de alcoolismo e dos casos de envolvimento com o tráfico de drogas e o crime organizado.