Um organismo com sistema imune competente fortalecido tem muito menos propensão a contrair tuberculose, mesmo se estiver contagiado pelo bacilo de Koch, causador da doença. Por isso, tanto se reforça a ideia de proporcionar meios para mantê-lo resistente. Mais associada ao relaxamento e a capacidade de concentração, a meditação passou a ser reconhecida pela medicina nessa década por auxiliar bastante o sistema imunológico de forma geral. Tanto que essa técnica milenar oriental recebe no Brasil o incentivo do Ministério da Saúde para que ocorra no tratamento de pacientes em hospitais e postos de saúde públicos e teve o reconhecimento do National Institutes of Health (NIH), agência dos EUA responsável por pesquisas médicas.
O resultado de pesquisa sobre os efeitos da meditação divulgado em 2010 apontou a positividade dessa prática relacionada principalmente ao estímulo à atividade da telomerase, enzima que adiciona uma repetição de DNA nos telômeros – fragmentos cuja função consiste em garantir que cada replicação do ADN (ácido desoxirribonucléico) tenha sido completada – e, assim, restaura a capacidade de multiplicação celular e retarda o envelhecimento dos tecidos, ou seja, promove a longevidade das células.
De acordo com o líder dessa pesquisa feita na Universidade da Califórnia, Clifford Saron, o bem-estar psicológico proporcionado pela meditação favorece o bom funcionamento da telomerase, cuja descoberta, juntamente com a dos telômeros, valeu a uma das autoras da pesquisa, Elizabeth Blackburn, o Prêmio Nobel, em 2009. Para realização da pesquisa, 30 voluntários fizeram meditação e outros 30 não, e então os meditadores apresentaram taxas em torno de 30% mais elevadas de telomerase.
O instrutor de Kundalini Yoga e Yoga Integral, terapeuta corporal reichiano e responsável pela atividade Yoga na Praia, no Arpoador, Rio de Janeiro, William Figueira Vikramdev Singh, considera que qualquer pessoa que esteja treinada em meditação ficará muito menos vulnerável a doenças. Para ele, esse treino ajudará a manter o sistema imunológico em seu maior potencial, pois a doença é um sintoma de desequilíbrio que afasta ou afastará o ser humano de seu processo evolutivo, com a finalidade de se providenciar uma correção.
Pessoas que comecem a meditação em um momento de enfermidade, prosseguiu Figueira, se defrontarão rapidamente com as dificuldades inerentes a sua falta de condicionamento em determinados hábitos mentais durante a prática, mas uma vez que persistam, observarão os mesmos benefícios.
No caso específico da tuberculose, ele lembrou que o conhecido ‘poeta’ do yoga José Hermógenes de Andrade Filho, já falecido, tornou-se professor dessa técnica após tuberculose grave que teve aos 35 anos, da qual se curou com a ajuda, principalmente, da prática de yoga. Contudo, baseado na ideia de que as doenças consistem nos reflexos de um desequilíbrio em nossas relações com a vida e como reflexo traz uma informação, descartou a meditação como indicação específica para a cura da tuberculose. “É, sim, uma indicação que beneficia o fluxo da vida. Inclusive durante o processo de passagem para a morte”, comentou.
O fato de a meditação estar reconhecida como terapêutica associada à medicina tradicional tem a aprovação de Figueira, mas alertou que aplicar meditação requer pessoas qualificadas, condições adequadas e indicações pertinentes. “Mesmo a meditação possui contraindicações”, evidenciou.
Existe, na opinião de Figueira, a necessidade que se entenda meditação. Conforme ele, tradições espirituais milenares desenvolveram conhecimentos e técnicas das atividades mentais, cujo objetivo principal era acelerar o processo evolutivo da consciência individual das pessoas, a fim de reintegrá-la à totalidade. Com o passar do tempo, continuou, esse manancial espiritual passou a ser explorado comobjetivos diversos e segmentados. “A atividade mental e a meditação passaram a ser vistas como atividades exclusivas do cérebro, ou uma tentativa de controlar os pensamentos”, ressaltou.
Passou a se ignorar, no entender de Figueira, que antes de chegar a essa etapa do desenvolvimento, outras etapas precisavam ser conquistadas. Etapas que, conforme ele, preconizavam o aperfeiçoamento da moral e da ética, o controle dos sentidos e dos desejos, a saúde e a estabilidade do corpo e das emoções para que houvessem maiores chances de trabalhar os pensamentos com sucesso. Para Figueira, meditação se baseia em manter a mente integrada com a totalidade, considerando que funciona como uma intermediadora entre diversos sistemas de nossa existência: neuro vegetativo, circulatório, respiratório, endócrino, muscular esquelético, energético e psíquico.