A tuberculose está no rol das chamadas doenças negligenciadas, aquelas que afetam principalmente populações de baixa renda e vulneráveis, e proporciona a continuidade do ciclo de desigualdade, pobreza e exclusão social, com graves consequências ao desenvolvimento de um país.
O termo surgiu em 1970 por meio do programa “The Great Neglected Diseases”, da Fundação Rockfeller, nos EUA. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), existem 17 doenças negligenciadas e 149 países e territórios do mundo tem pelo menos uma delas. Juntas causam entre 500 mil e um milhão de óbitos anualmente, e estima-se que haja em torno de 1,5 bilhão de pessoas infectadas.
No Brasil, a atenção ao problema tem prioridade. Em 2006, começou o Programa de Pesquisa e Desenvolvimento em Doenças Negligenciadas, uma parceria do Ministério da Saúde, Ministério da Ciência e Tecnologia e Secretaria de Vigilância em Saúde.Além da tuberculose, estão incluídos nele a dengue, Doença de Chagas, leishmaniose, malária, esquistossomose e hanseníase.
Os investimentos em pesquisa para o desenvolvimento e ampliação de acesso a novos medicamentos, testes diagnósticos, vacinas e outras tecnologias para sua prevenção e controle figuram entre as prioridades no combate a doenças negligenciadas. Essas necessidades foram alguns dos motivos para a instituição, em 31 de janeiro de 2014, da Rede Nacional de Pesquisas em Doenças Negligenciadas (RNPDN), composta por instituições de ciência, tecnologia, inovação e produção em saúde, públicas e privadas.
Seguindo os objetivos e atribuições do Sistema Único de Saúde (SUS) para incrementar o desenvolvimento científico e tecnológico, a RNPDN visa, sobretudo, desenvolver atividades de pesquisa científica, tecnológica e a inovação em doenças negligenciadas que contribuam de modo efetivo para o avanço do conhecimento e a geração de produtos, além de capacitar recursos humanos em pesquisas sobre doenças negligenciadas.
De acordo com a OMS, caso os governos aumentem os investimentos no combate a doenças negligenciadas, grande parte da miséria humana poderia ser aliviada, contribuiriam para a distribuição equitativa dos ganhos e libertariam multidões condenadas à pobreza extrema. A maior incidência de casos das doenças negligenciadas está na África, e as moléstias afetam bastante também a América Latina, Oriente Médio e Ásia.A entidade calculou que os investimentos anuais necessários para combatê-las, até 2020, chegam à casa dos US$ 2,9 bilhões.