Luz do sol / Que a folha traga e traduz / Em verde novo / Em folha, em graça / Em vida, em força, em luz. O início da música “Luz do Sol”, de Caetano Veloso, pode servir de inspiração para os portadores de tuberculose adquirirem o hábito saudável de tomar sol de 10 a 15 minutos, em horários apropriados, duas vezes ao dia. Afinal, já está mais do que comprovado o quanto o sol ajuda na recuperação de doentes em tratamento juntamente à combinação de antibióticos indicada por um médico.
A exposição à radiação solar UVB (uma das divisões da ultravioleta) é a grande fonte de vitamina D, apontada por especialistas como determinante na resposta do sistema imunológico contra a tuberculose e outras infecções respiratórias. Aos que têm limitações ao sol, a saída está nos alimentos ou suplementos contendo a vitamina, jamais em excesso.
A vitamina D tem sido estudada incessantemente pela certeza de seus benefícios à saúde humana não apenas em relação aos ossos devido à quantidade de cálcio, como é mais conhecida sua eficácia. De acordo com pesquisadores da Universidade Queen Mary, em Londres, baseados em pesquisa feita, em 2012, com a participação de 95 pacientes que usavam antibióticos comuns, auxilia bastante no combate à tuberculose quando associada aos medicamentos necessários.
Em 44 dos pesquisados para os quais foram ministradas altas doses de vitamina D houve melhora muito mais rápida em relação aos restantes que receberam placebo, conforme medição dos sinais de inflamação em análises de sangue. Os danos nos pulmões provocados pela doença estavam bem menores e o Mycobacterium tuberculosis, bacilo da tuberculose, nos 44 enfermos deixou de ser detectado 13 dias antes em relação aos demais. Essa bactéria costuma não sobreviver a mais de cinco minutos sob a luz solar.
Outra pesquisa descobriu, em 2011, que com boa quantidade de vitamina D no organismo de uma pessoa há a liberação da proteína interferon, que possibilita comunicação com os linfócitos (tipos de células de defesa do organismo também conhecidos como glóbulos brancos, cuja quantidade da produção aumenta quando há infecção) e esses, então, atacam os bacilos da tuberculose. O trabalho, feito pela Universidade da Califórnia, em Los Angeles, constatou com isso a redução de 85% das bactérias de tuberculose em células humanas.
A busca natural por vitamina D através do sol remete ao final do século 19 e início do século 20 quando ainda não existiam os antibióticos contra a tuberculose e havia indicação médica para a helioterapia (tratamento médico que utiliza a luz solar). Era nessa época o único tratamento eficaz para combater a doença, e por isso os pacientes eram enviados para lugares ensolarados.
Não tão ricos para absorção de vitamina D quanto o sol, alimentos e suplementos alimentares que a contêm também podem contribuir como aliados a quem se submete a tratamentos com medicamentos para vencer a tuberculose. Conforme o U.S. Dietary Reference Intake, indicador mais usado sobre os nutrientes necessários para a saúde das populações, que tem sido publicado pelo Instituto de Medicina dos EUA, o ideal para crianças e adultos até 50 anos é de cinco microgramas por dia (200 Ul/dia), 10 microgramas (400 Ul/dia) para quem tem entre 50 a 71 anos e 15 microgramas/dia às pessoas com mais de 70 anos.
Óleo de fígado de bacalhau, atum, sardinha, cavala ou salmão cozidos, cogumelo shitake, gema de ovo, produtos laticínios fortificados e suco de laranja ou cereais são alguns dos alimentos que possuem vitamina D em maior quantidade.