Fundado em 24 de maio de 1927 pela Liga Brasileira Contra a Tuberculose – atual Fundação Ataulpho de Paiva (FAP) –, o Preventório Rainha Dona Amélia, na Ilha de Paquetá, servia para isolar os filhos de portadores da doença até a década de 1940, quando houve a introdução de antibióticos em tratamentos terapêuticos contra a tuberculose no Brasil. Eram crianças que não estavam doentes, mas viviam em más condições de higiene e com desnutrição. Atualmente, possibilita que pais com dificuldades financeiras respirem aliviados por terem onde deixar suas crianças com atendimento pleno e segurança.
Mantido pela FAP, o Preventório Rainha Dona Amélia atende, em uma área total de 56,9 mil metros quadrados, 150 crianças, sendo que cem de 4 a 11 anos na fase escolar e 50 de 2 a 3 anos numa creche de atendimento integral. “É um serviço que dá suporte para o morador poder trabalhar, com a segurança de que os filhos são bem tratados”, disse João Gilberto Garcia, compositor que trabalha na construção civil e tem filho e filha gêmeos, de 5 anos.
O ambiente é bem agradável pela proximidade do mar e extensa vegetação, principais itens que atendiam os critérios científicos para a escolha pela Liga como espaço ideal para a implantação do sanatório infantil que funcionou inicialmente no local. Esse foi denominado Preventório Rainha Dona Amélia em homenagem à rainha, esposa do rei de Portugal Dom Carlos I, que viria ao Brasil, mas faleceu antes vítima de atentado, em Lisboa, junto com seu filho. O sanatório atendia, sobretudo, moradores do Rio, Niterói e da Baixada Fluminense.
As descobertas terapêuticas sobre a tuberculose contribuíram para o fim do sanatório e na opção pelo atendimento assistencial. A estância de revigoramento físico de crianças candidatas à tuberculose por estarem desnutridas e com más condições de higiene deu lugar ao preventório, que sempre se destacou pelo trabalho social desenvolvido e que tinha o regime de internato. Estava mantida a essência de dar assistência a crianças em situação de vulnerabilidade e risco social.
Integração social
Em 2004, o Dona Amélia deixou de ser internato. As crianças da creche ficam de 7h30 às 17h e participam de atividades educativas e de convivência mútua, aprendem a se alimentar, além de lancharem, almoçarem e receberem cuidados e tratamentos de higiene, saúde e odontológicos. A futura pedagoga Cristiane Veloso de Almeida, que cuida delas, ressaltou a importância da integração social dessas crianças por meio do preventório. “Muitas começam a falar e se alimentar aqui. Em casa, algumas só tomam mamadeira”, observou.
Os serviços de saúde e almoço também são extensivos às crianças em fase escolar. Para essas, que estudam no colégio municipal Joaquim Manoel de Macedo, há divisão em dois turnos, um a partir de 7h e outro de 11h30. Participam de atividades educacionais, coordenadas por Helen Santos, inclusive numa biblioteca, ensino religioso, missas, celebrações solenes, lazer e atividades esportivas como futebol, aprendizado de xadrez e de jiu-jitsu. Todas as crianças atendidas moram em Paquetá e muitas vivem em três comunidades do bairro, que até 2010 tinha 4.147 habitantes.
O preventório presta serviço social e tem em sua equipe 37 pessoas, algumas com nível superior em psicologia, pedagogia, nutrição, odontologia – há um gabinete dentário externo –, medicina e educação física. A irmã Antônia Alves Fernandes, pedagoga e psicóloga que coordena os trabalhos, atua no preventório há 15 anos. Para ela, é uma questão de doação pessoal da disponibilidade de tempo, já que a maioria dos pais trabalha. “Espero que as crianças cresçam com a concepção de serem cidadãs, de convivência harmoniosa onde vivem e no meio social”, expressou.
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