INCT em Tuberculose


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Pesquisas recentes realizadas com a vacina brasileira contra a tuberculose -BCG Moreau Rio de Janeiro

A vacina contra a tuberculose (BCG) é uma vacina antiga (anos 20 do século passado) ainda eficiente, entretanto necessitava de aperfeiçoamentos que a tornassem mais efetiva e segura. Após o desenvolvimento da vacina, a partir de 1920, o Instituto Pasteur enviou amostras para laboratórios ao redor do mundo. Os cultivos subseqüentes e passagens do BCG original levou a modificação nas propriedades dos BCGs cultivados em diferentes países. Entretanto, o genoma e o proteoma dos diferentes BCGs não havia sido estudado até o inicio deste milênio. Apesar disto quatro estirpes eram consideradas como as mais importantes – Dinamarquesa, Russa, Tokio e Moreau Rio de Janeiro. Nos primeiros anos deste milênio, a  patogenicidade e imunogenicidade, além  de características genéticas  destas diferentes estirpes foi determinada.

Atualização da vacina

Nos início dos anos noventa do século passado, a diretoria da Fundação Ataulpho de Paiva notou que estudos que pudessem “atualizar” a vacina brasileira contra a tuberculose, o BCG Moreau Rio de Janeiro (de propriedade da FAP),  eram fundamentais para o desenvolvimento tecnológico e o controle da qualidade de sua fabricação e distribuição, além disto outras estirpes de BCG estavam sendo usadas no exterior como tratamento do câncer superficial de bexiga, com resultados superiores aos quimioterápicos. Com isto a FAP, desenvolveu um projeto para atualizar a nossa vacina visando o novo milênio. Para tal mister a FAP desenvolveu um programa pragmático que tinha como objetivos conhecer a vacina utilizando novas metodologias  como Biologia Molecular e Imunologia.

Em 1999 a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou, após uma reunião internacional, que os BCGs deveriam ser melhor estudados, já que os mesmos deveriam continuar sendo utilizados como vacina contra a tuberculose no futuro próximo (1) . Esta política da OMS corroborou para os interesses da FAP, e é interessante notar que neste mesmo ano (1999), o BCG Moreau ainda era considerado uma vacina pouco estudada em relação aos principais BCGs. Entretanto, os resultados da vacinação no Brasil mostravam que o BCG Moreau RJ era um dos mais eficazes e que apresentavam menos efeitos adversos (1). Diversas reuniões da OMS foram realizadas posteriormente (2003, 2004 e 2005) e estabeleceram os estudos que comporiam as avaliações dos BCGs (2,3,4). Também ficou estabelecido que algumas vacinas BCG seriam certificadas como reagentes de referência da OMS e consequentemente seriam os padrões para outros BCGs e novas vacinas contra a tuberculose, as quais devem ter eficácia melhor que estes BCGs (5). Isto nos fez intensificar as nossas pesquisas e iniciar estudos sobre o genoma e o proteoma da vacina , conjuntamente com a FIOCRUZ, o que ainda não havia sido feito com nenhum BCG.

Como resultados deste projeto conseguimos colocar no mercado um novo produto  ”Imuno BCG” , o qual é o principal produto para tratamento do câncer superficial de bexiga no mercado nacional, consequentemente aumentamos o número de empregos diretos e indiretos. Além disto, em parceria com o INCT em Tuberculose, certificamos o BCG brasileiro na OMS, tanto como estirpe em 2005 (6) e também como vacina em 2012 (7). Descrevemos o proteoma e o genoma do BCG Moreau (projeto  FAP/ FIOCRUZ) (8,9). Estas pesquisas colocaram o nosso BCG como o mais estudado do mundo.

É importante frisar que hoje, o BCG Moreau RJ é a única vacina brasileira certificada e usada como reagente de referência pela OMS.

 

Bibliografia