Desde 2010, quando o australiano Christiaan Van Vuuren fez sucesso no YouTube com “Rap da Tuberculose”, que esse gênero musical tem servido para divulgar a importância da conscientização sobre a doença no mundo. Ele o compôs e gravou por meio de webcam para esquecer o tédio da quarentena em que estava num hospital de Sydney por causa de tuberculose resistente a diversos remédios. O sucesso resultou em vídeo especial realizado a pedido da Organização Mundial da Saúde (OMS) para o Dia Mundial da Tuberculose. Coincidentemente no Brasil, logo depois começou a tendência de jovens criarem raps com o mesmo objetivo em escolas.
Agora, alunos de sétima série do Primeiro Grau da Escola Municipal de Ensino Fundamental Caira Alayde Alvarenga Medea, em Morro Grande, na Freguesia do Ó, São Paulo, fizeram outro “Rap da tuberculose” no processo de ampliação do projeto “Driblando a Tuberculose”, lançado em 2014 na cidade de São Paulo. Um trabalho feito em parceria pelo Programa Nacional de Controle da Tuberculose/ Ministério da Saúde, Parceria Brasileira no Enfrentamento da Tuberculose e Programa de Controle Estadual e da Capital de São Paulo. O “Rap da tuberculose” faz sucesso e levou até a criação de cronograma para motivar todos os alunos do colégio a passarem informações sobre tuberculose em várias áreas do bairro Morro Grande.
A proposta do “Driblando a Tuberculose” é organizar agendas de saúde e educação para envolver e sensibilizar as escolas sobre a tuberculose, com a participação de alunos como protagonistas e divulgadores de informações sobre a doença. Procura unir o esporte e a mobilização social para comunicação em relação à tuberculose efetivamente, inserindo-a em várias disciplinas, principalmente para combatê-la e tornar os portadores dela livres da estigmatização. A pobreza em determinadas áreas da Freguesia do Ó, bairro da Zona Norte de São Paulo, resultou no “Punk da Periferia”, de Gilberto Gil (1983), que remete logo de início às feridas que a pobreza cria.
Já na comunidade do Alemão, na Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro, o “Rap da Saúde” embalou, em 2013, verdadeiro ‘arrastão da saúde’ nas ruas e residências locais, dentro do projeto Rede de Adolescentes e Jovens Promotores da Saúde. Essa ação para conscientizar moradores englobou doenças que enfraquecem o sistema imunológico, como diabete e Aids, e tornam as pessoas com maior propensão à tuberculose. A taxa de incidência de tuberculose em 2012 no Alemão era de 53,5 pessoas a cada 100 mil habitantes em 2012. À época o trabalho foi organizado pela Coordenação de Políticas e Ações Intersetoriais da Superintendência de Promoção da Saúde, da Prefeitura do Rio, pela ONG Educap (Espaço Democrático de União Convivência, Aprendizagem e Prevenção), pelo Fórum de Tuberculose e pelo Centro de Promoção da Saúde (Cedaps).
A onda de raps sobre tuberculose no Brasil começou em 2010 com “Rap da TB”, composto pela professora de Ciências Ana Paula Gomes e por Gilvonei Silva de Jesus na Escola Cleuza Maria, em Camaçari de Dentro, na cidade de Camaçari, na Bahia, como parte de projeto para educação em saúde. O município é referência no trabalho de controle dessa doença, e teve em 2012 um total de 92 pacientes diagnosticados com tuberculose, incidência de 33,7 casos / 100 mil habitantes.
Protesto e poesia predominavam nos primeiros anos da existência do rap, verdadeiro discurso rítmico cheio de rimas levado por jamaicanos aos bairros pobres de Nova York, nos EUA, durante os anos 70. Atualmente, o rap aborda os mais variados assuntos, desde questões voltadas aos menos favorecidos até a ostentação. É um dos cinco pilares fundamentais da cultura hip hop, mas difere dele principalmente por ser mais falado, menos instrumental e voltado a rimas.