Combinação aids e tuberculose é abordada em congresso


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A coinfecção TB-HIV e a tuberculose prisional figuraram entre os temas de discussão do X Congresso de HIV/Aids, promovido pelo Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais (DDAHV) do Ministério da Saúde, ocorrido de 17 a 20 de novembro no Centro de Convenções Poeta Ronaldo Cunha Lima, em João Pessoa. O evento desse ano mudou de foco substancialmente, pois desde a sua criação na década de 90 sempre tinha a prevenção como assunto principal, mas agora tratou de todos os aspectos da resposta à epidemia. Mesmo assim, segundo o blog “Tuberculose: Circulando a Informação”, o público presente considerou que a coinfecção foi pouco abordada. Paralelamente, houve o III Congresso de Hepatites Virais, Novos Horizontes – Novas Respostas Brasil – 2015.

No blog, constam algumas das explanações do evento, como a da médica infectologista do governo do Distrito Federal Denise Arakaki durante encontro, no último dia do congresso, com a participação de profissionais de saúde, representantes da sociedade civil, outros congressistas e profissionais de imprensa. Ao expor o panorama global, a médica enfatizou que “onde há maior incidência de HIV, também existe alta incidência de tuberculose”. Por isso, de acordo com ela, ocorre interação tão sinérgica das duas enfermidades. Para enfrentá-la, defendeu a integração de ações. “Os programas de HIV devem estar sempre alinhados para o controle e prevenção da coinfecção”, afirmou.

Sobre o cenário brasileiro, o representante do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, Marcelo Araújo de Freitas, evidenciou a importância de, além de priorizar a redução da mortalidade por tuberculose, evitar a infecção e o adoecimento, sobretudo com o início imediato do tratamento antirretroviral. Na oportunidade, ele discorreu quanto às metas de redução dos níveis epidêmicos de Aids e o plano global de eliminação da enfermidade.

Mas de nada adianta o trabalho de prevenção se não tiver total adesão do tratamento por parte dos pacientes, principalmente para evitar o abandono, que propicia o fortalecimento e maior resistência das cepas da tuberculose. Por isso, a psicóloga Helena Maria Medeiros Lima destacou alguns pontos para os profissionais de saúde se conscientizarem quanto a melhor forma de acolher pacientes, como a questão do luto duplo, a depressão e vários aspectos de saúde mental. Segundo ela, é preciso entender cada indivíduo, a fim de praticar algo que motive a adesão ao tratamento.

A adequação ao TB Reach do programa para atender a população carcerária brasileira que tem sido desenvolvido pelo Programa Nacional de Controle da Tuberculose (PNCT) em conjunto com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas (Unodc) fez parte de encontro no estande da ONU. Participaram monitores do projeto, profissionais de saúde da atenção básica e da saúde prisional, entre outros. Estão beneficiados pelo projeto o Presídio Central de Porto Alegre e o Complexo de Charqueadas, ambos no Rio Grande do Sul, e o complexo penitenciário de Bangu, no Rio de Janeiro.

O TB Reach, programa ligado ao Stop TB Partnership da Organização Mundial da Saúde (OMS), consiste no desenvolvimento e aplicação de soluções e intervenções inovadoras e estratégias eficientes para atividades que resultem no aumento da detecção de casos de tuberculose, na redução da transmissão e prevenção do surgimento de formas resistentes da doença.

No segundo dia do congresso sobre Aids, ocorreu o lançamento do curso online e autoinstrucional “Manejo da Coinfecção Tuberculose-HIV (TB-HIV)” para profissionais que lidam com o problema inscritos no evento e que receberão certificados de conclusão do curso, cuja carga horária chega a 45 horas. Esse é organizado pela Secretaria Executiva da Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS) e a Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS).

No geral, os espaços abertos durante o congresso quanto à coinfecção TB-HIV foram a oficina para discussões de casos clínicos ocorrida no pré-congresso, lançamento do curso, evidências científicas em adesão ao tratamento, roda de conversa sobre TB no sistema prisional – Projeto TB Reach e os cenários mundial e nacional, com apontamentos sobre formas de levar adiante o controle e combate das doenças conjuntas.

Participaram da oficina a médica infectologista Sumire Sakabe, responsável pelo atendimento das pessoas com coinfecção por HIV e tuberculose do Centro de Referência e Treinamento em DST Aids do estado de São Paulo, a médica do Centro de Pesquisa Hospital Evandro Chagas da Fiocruz Valéria Cavalcanti Rolla e a pneumologista do Centro de Saúde Amaury de Medeiros, da Universidade de Pernambuco e da Fiocruz Magda Maruza Melo de Barros Oliveira.