Instituição celebra 114 anos de comprometimento e combate à tuberculose
Chegar aos 114 anos com saúde, vigor e novos projetos não é para qualquer um. No dia 04 de agosto, a Fundação Ataulpho de Paiva (FAP) comemora mais um ano de combate à tuberculose. Hoje, é a única produtora de BCG do Brasil e produz o Imuno BCG, medicamento usado contra o câncer superficial de bexiga. A instituição, no entanto, rejuvenesce a cada dia, através de investimentos em pesquisas e novas tecnologias, bem como em importantes ações sociais.
Fundada em 1900, período da assustadora ascensão da tuberculose, o objetivo era acompanhar pacientes que padeciam da doença e agir preventivamente. Nesta fase inicial, era formada por políticos, intelectuais e membro da Igreja que se reuniam na Pensão Beethoven, no bairro da Glória (RJ), na Zona Sul do Rio, a fim de constituir uma liga nos moldes das europeias. Assim nascia a Liga Brasileira Contra a Tuberculose.
Filantropia significa “amor à humanidade” e esta sempre foi a principal motivação da FAP, seja na construção dos primeiros dispensários do Rio de Janeiro, seja no implemento de serviços de assistência domiciliar, para dar assistência médico-social aos portadores de tuberculose que não podiam se locomover até o dispensário. Isso, nos idos de 1913, quando o estado ainda não era responsável pelo combate à tuberculose.
Preocupada em esclarecer e conscientizar a população, a Fundação passou a confeccionar a Revista da Liga e o Almanaque da Liga, publicações pioneiras, já que o acesso à informação era bastante restrito.
“Eram feitas cartilhas sobre higiene e alimentação; havia os dispensários, espécies de farmácias, que davam medicamentos; e, em Paquetá, o Preventório, onde ficavam as crianças nascidas de pais com tuberculoses”, conta o presidente da FAP, Germano Gerhardt Filho.
Investimento social e em pequisa no passado e no presente
Em 1927, a Fundação entrou em uma nova fase. Através de pesquisas desenvolvidas pelo professor Arlindo de Assis, em âmbito nacional e
internacional, conseguiu-se chegar à vacina BCG, primeiro e único medicamente utilizado, até hoje, na prevenção da tuberculose. Contando com o apoio de Ataulpho de Paiva – que presidia a instituição, o professor Assis criou o Conselho Técnico da Liga, iniciando o serviço de vacinação no País.
Atualmente, em parceira com o Instituto Vila Rosário (IVR), a FAP também desenvolve o Ação em Campo, no qual agentes comunitários acompanham através de visitas os moradores de Vila Rosário (bairro de Duque de Caxias), monitorando os casos de tuberculose. Assim, as pessoas contaminadas são orientadas sobre o tratamento adequado e o restante da população se conscientiza sobre as medidas de precaução da doença.
“Nessa localidade, entre os anos de 1998 e 2000, havia cerca de 180 casos por 100.000 habitantes. Hoje, tem-se o mesmo índice de tuberculose da Zona Sul (RJ), ou seja, um índice bastante baixo”, conta o diretor científico da FAP, Luiz Roberto Castello Branco. No ambulatório Azevedo Lima, no centro do Rio, a população recebe atendimento ambulatorial gratuito.
A Fundação ainda tem fôlego para novos projetos, como a nova unidade fabril que está sendo construída em Xerém. Com 9.656 m2 de área construída projetada, o espaço tem o objetivo de produzir 60 milhões de doses anuais da Vacina BCG, além de Imuno BCG®, em conformidade com a norma de Boas Práticas de Fabricação, atendendo às agências sanitárias reguladoras nacionais e internacionais, e organizações internacionais como OMS. A produção terá capacidade para suprir a demanda nacional e parte da internacional, uma vez que a instituição recebe consulta de vários países.
Que venham mais 114 anos!