O portador de diabetes está sujeito a vários tipos de infecção, principalmente a tuberculose, e a combinação com essa doença tem ocasionado grande aumento de mortes por ano. Ainda não se encontrou explicação sobre o fato da presença do bacilo de Koch, causador da doença, tornar-se tão comum em diabéticos. O problema é crítico porque ocorre, sobretudo, nos países em desenvolvimento como o Brasil, ou seja, onde há maiores problemas econômicos e, consequentemente, de condições de vida, que propiciam mais tendência a casos de tuberculose. Essa combinação afeta ambos os sexos e pode surgir em qualquer idade, embora a prevalência esteja entre 50 a 59 anos. O risco de diabéticos contraírem tuberculose cresce de três a cinco vezes.
O diabetes, por si só, causa mais mortes que a tuberculose, HIV e malária. Em 2014, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), 4,9 milhões de pessoas faleceram devido à doença, 1,5 milhão por causa de tuberculose, 1,2 milhão por HIV e 584 mil pela incidência de malária. Quando há vinculação com a tuberculose, a diabetes requer um manejo mais complexo que o de cada uma das doenças em separado, cujo tratamento fica mais prolongado e os esforços para a cura redobrados.
Por vezes ocorrem acentuados complicadores nas ocorrências dessas vinculações de doenças. Alguns têm mais frequência: no caso do transtorno da diabetes mellitus, há interferência dos fármacos antituberculose com o metabolismo. Outro problema refere-se a que um portador de tuberculose tende à intolerância à glicose, que pode ter origem no antagonismo da ação da insulina, por aumento dos hormônios contra-reguladores, comum em infecções.
Já houve a comprovação de que a suscetibilidade a infecções no diabetes refere-se à diminuição das imunidades celular e humoral – processo de defesa do organismo em que atuam os anticorpos, moléculas proteicas encontradas no plasma sanguíneo, também conhecidas como imunoglobulinas – e a fatores nos órgãos-alvo que aumentam o crescimento de organismos anaeróbicos e microaerófilos, por causa da diminuição do fluxo sanguíneo aos tecidos periféricos.
Nos últimos anos, o assunto originou pesquisas em vários países, com resultados que apontam para o aumento do risco da presença de diabetes originar tuberculose. Entre as quais uma realizada, em 2008, pela Havard School of Public Health de Boston, após examinar 13 estudos com dados de 1,7 milhão de pessoas do Canadá, México, Estados Unidos, Reino Unido, Rússia, Índia, Coreia do Sul e Taiwan, concluiu que o risco dos diabéticos contraírem tuberculose cresce em três vezes. Outra pesquisa, executada por pesquisadores no estado do Texas, de 2006 a 2011, junto à população em condições de vida totalmente impróprias, apontou para tendência de três a cinco vezes. No geral, as estimativas de especialistas no assunto apontam para aumento em duas vezes.
As estatísticas sobre tuberculose e diabetes concomitantes ainda não abrangeram muitos países. Na Índia e na China, por exemplo, já houve a comprovação de que os casos de tuberculose chegam a cerca de 10% porque pessoas estavam com seus organismos fragilizados pelo diabetes. Locais aglomerados, má ventilação, como em asilos, hospitais e prisões, consumo de bebida alcoólica e má alimentação estão entre os fatores que levam a essa fragilidade. Desde os anos 1000 que existem estudos sobre a associação diabetes e tuberculose.