Pesquisa contribui para a saúde de vila rosário


PESQUISA CONTRIBUI PARA A SAÚDE DE VILA ROSÁRIO

Um grupo de pesquisadores orientados pelo professor Ilpo Koskinen, da Universidade Aalto, em Helsinque, na Finlândia, a convite do Instituto Vila Rosário (IVR) mantido pela Fundação Ataulpho de Paiva (FAP), venceu uma série de dificuldades para levar adiante pesquisa relacionada à saúde no bairro de Vila Rosário, em Duque de Caxias, com população em torno de 60 mil habitantes. Primeiro, a distância de 12 mil Km, depois as características do lugar: situação econômico-social muito debilitada e o estigma de comunidade invisível, pela falta de informação e acesso a novas tecnologias, além do silêncio por medo de violência. Após desenvolver sistemas de design de informação ligados a temas relacionados principalmente à qualidade de vida e tuberculose / HIV, a pesquisa possibilitou resultados empíricos bastante esclarecedores sobre a realidade local.

Os pesquisadores conseguiram atrair os moradores para pensarem sobre questões relevantes à saúde, tais como o que fazer, onde ir e onde se informar quando for preciso. Isso por meio do design participativo escandinavo e do design empático finlandês, aplicados à qualidade de vida. Sistemas de informação de alta tecnologia (internet, Skype, móbiles, por exemplo) e de baixa tecnologia (cartazes, cartilhas, uniformes, diários de papel, dinâmicas de interação, oficinas, entre outros) serviram para criar maior empatia junto aos pesquisadores e melhorar a comunicação. Todos testados de diferentes formas junto aos moradores, graças às agentes comunitárias de saúde que trabalham para o (IVR).

Para a melhoria da saúde com o conhecimento do grau de disseminação da tuberculose, a pesquisa utilizou a abordagem holística por meio dos cinco elos da doutrina da Cadeia da Miséria (doença, fome, renda, educação, cultura) –que se entrecruzam e se influenciam entre si, sendo considerada a principal causa do grande número de casos da doença. Esta é utilizada pelo químico Claudio Costa Neto, professor da UFRJ, através doPrograma de Controle da Tuberculose, da Sociedade Qtrop-FAP, no qual a Vila Rosário está entre suas áreas de atuação.

O estudo fluiu também a partir da lógica pedagógica do educador e filósofo Paulo Freire (1921-1997), um dos inspiradores do movimento sueco “Utopia”, que criou o design participativo. Na teoria de Freire, utopia não é a busca desenfreada pelo não realizável e, sim, uma forma de denunciar as injustiças de uma sociedade desumana e anunciar um novo mundo de realizações, de solidariedade e de liberdade para todos. A pesquisa procurou construir diálogo pedagógico com a sociedade local através, sobretudo, do design gráfico, a fim de permitir a participação igualitária no que era proposto para favorecer a aproximação nos relacionamentos. Conforme a metodologia de Freire, os moradores foram coinvestigadores e não objetos da investigação.

Publicações

O trabalho ocorreu de forma mais densa de 2005 a 2008 e daí até 2011 continuou sendo testado. No ano passado, resultou na publicação em inglês de dois grandes livros pela Aalto Arts Books: “Design for Hope: Designing Health Information in Vila Rosário” (312 páginas), da designer estratégica Andrea Castello Branco Judice, e “Design for Health Agents in Vila Rosário” (244 páginas), do designer gráfico Marcelo Ortega Judice, que participaram do estudo desde o início.  “Tiveram esses títulos por serem baseados na esperança, no comprometimento e na força que as agentes comunitárias de saúde demonstraram durante todo o processo”, explicou Andrea.

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Se não fossem as agentes comunitárias de saúde, prosseguiu Andrea, a pesquisa não teria ocorrido, pois foram as maiores motivadoras e serviram de elo entre os pesquisadores e a comunidade, que também passou a entender melhor o trabalho diário delas.  A pesquisadora recordou que as agentes iam a campo, fotografavam, filmavam, gravavam, contavam histórias e até hoje estão disponíveis, a fim de apresentar sugestões e ideias para novas soluções. Elase alguns moradores que frequentaram o IVR foram, em sua opinião, os que tiveram maior entendimento acerca do papel dos pesquisadores e dos objetivos do trabalho. “A troca de informações com as agentes e a utilização de métodos lúdicos para trazer as necessidades, os sonhos e os desejos dos moradores para dentro do projeto os levaram a confiarem em nós”, salientou.

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