Redução do número de fumantes é avanço contra a tuberculose


Sem Título-2

Os malefícios nos pulmões causados pelo tabagismo têm ocasionado grande número de casos de tuberculose no mundo. Pesquisadores da Universidade da Califórnia (EUA) previram, em 2011, cerca de 18 milhões de casos adicionais e mais 40 milhões de óbitos por isso até 2050. Contudo, o ideal de reduzir em 27 milhões no mesmo período as mortes por tuberculose devido a esse vício, conforme evoca o estudo, parece repercutir bem no Brasil. Dados de 2014 do Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), anunciados no final de maio pelo Ministério da Saúde, apontam para a redução do número de fumantes no país em 30,7% nos últimos nove anos.

Além do intenso trabalho de conscientização sobre o problema iniciado no Brasil na década de 80, outro fator tem sido crucial para o bom resultado: a desistência de fumar por causa dos altos preços dos cigarros. Isso está evidente na pesquisa Instituto do Câncer e Transplante (ICT) / Instituto Nacional do Câncer (Inca) feita em 2013, com o indicador de redução em 62% do universo de fumantes devido aos valores do produto.

As maiores ofertas de tratamento pelo SUS e as proibições da propaganda de cigarro e em ambientes coletivos também têm contribuído. O hábito de fumá-lo é mantido por 10,8% dos brasileiros, 12,8% homens e 9% mulheres. A pesquisa do Vigitel mostra também que 21,2% dos brasileiros se declaram ex-fumantes: 25,6% homens e 17,5% mulheres.

Mas dados divulgados pelo Ministério da Saúde em cerimônia realizada no Dia Mundial Sem Tabaco (31 de maio) em Brasília, causam outra preocupação. Conforme estudo inédito do Inca, aumentou a proporção dos usuários de cigarros oriundos do mercado ilegal: passou de 2,4%, em 2008, para 3,7% em 2013.  Muitos deles têm sido vendidos no Paraguai.

No levantamento do Vigitel 2014 também constam dados sobre a faixa etária dos usuários de cigarros industrializados e cidades com maior consumo. Aqueles que os fumam mais estão na faixa etária de 45 a 54 anos (13,2%) e o menor percentual encontra-se entre os jovens de 18 a 24 anos (7,8%). O hábito começa antes dos 18 anos em 80% dos fumantes. Os homens fumam mais em Porto Alegre (17,9%), Belo Horizonte (16,2%) e Cuiabá (15,6%) e as mulheres em Porto Alegre (15,1%), São Paulo (13%) e Curitiba (15,6%). O tabagismo é menos frequente em Fortaleza (8,6%), Salvador (9%) e São Luís (9,3%) entre os homens, e no público feminino em São Luís (2,5%), Palmas (3%) e Teresina (3,1%).

De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) feita pelo Ministério da Saúde junto com o IBGE, 73,1% dos interessados em não fumar conseguiram tratamento, em 2013, nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), avanço relevante se comparado aos 58,8% de 2008. Em 2013, acima de 70% dos motivados a largar o cigarro tiveram atendimento pelo SUS.  Há no país 23 mil equipes de saúde na família em âmbito federal para tratar casos de tabagismo em 5.460 municípios.